Estávamos no ano de 1975.
Desempenhava as funções de Director de Información Y Turismo em Espanha (Galiza).
Tive a honra de fazer muitos amigos...
Fui ao casamento dum casal de excelência, o José Luiz e a Mercedes com residência da Cidade de Lugo.
Acompanhei-os numa viagem de Lua de Mel até Lisboa.
Foram meus convidados e de minha mulher durante quatro dias.
Além de Lisboa, onde se instalaram no Hotel Fénix, situado na Praça Marquês de Pombal, levamos os nossos amigos galegos a conhecer Estoril,
Cascais, Sintra e outras cidades e vilas mais próximas da capital e de características específicas no turismo.
Mas, voltando ao Lugo (onde tudo começou, e, antes do casamento, quando me encontrava na Gestoria do meu amigo Alfredo Mosteirin, foi-me apresentado um jovem advogado, de seu nome Jesus que gentilmente me convidou para assistir a uma montaria na cidade de Córdoba.
Jesus era um dos organizadores das caçadas (aos veados e javalis) na região andaluza.
Seria a primeira vez que nos era grato (a mim e a minha mulher) estar em algo de tão invulgar.
As Montaria teriam lugar a 16 e 17 de Novembro. A primeira teve lugar na mancha de Bayón na Aljabara de Cardenas e a segunda na Aljabara de Spínola.
Por casualidade o meu amigo José Luiz era um dos caçadores inscritos e, aproveitámos para partir nos nossos carros de Lisboa para Córdoba.
Na sexta feira, dia 15, chegámos a Cordoba pelas 21 horas. Ficámos instalados no Hotel El Cordobés.
Cansados da viagem que havíamos empreendido desde Lisboa, mais nos apetecia ficar no hotel a dormir.
Mas, a essa mesma hora tinha lugar o primeiro acto da caçada, no melhor restaurante daquela Cidade. E foi no Restaurante Caballo Rojo que se juntaram todos os monteros (caçadores) e convidados onde foi servido um Vinho Espanhol género Pôr de Sol português.
Seguiram-se os sorteios dos postos de caça e ao serem chamados os monteros, ficámos surpreendidos quando ao nosso lado se encontrava Sua Alteza Real a Infanta de Espanha, Princesa Alicia de Bourbon.irmã do Conde de Barcelona e, portanto tia do então Príncipe Juan Carlos (mais tarde Rei de Estanha).
Trocámos impressões, disse-me que adorava caçar e, a determinada altura, quando começaram a servir as entradas, os frios e outras iguarias, a Princesa Alicia disse-me: o que eu não gosto é de este género de comida... prefiro um bom bife. E, eu, com a minha sinceridade disse:... também gosto mais dum bife.
Então ela. chamando o gerente do Restaurante pediu-lhe que preparassem dois bifes. E, assim foi que fiquei amigo dum dos elementos proeminentes da Coroa de Espanha.
Além de sua Alteza Real, dos cento e cinquenta caçadores, destacavam-se ainda muitos nobres de Espanha e a mais alta sociedade daquele país, além de alguns estrangeiros, idos propositadamente de seus países.
Soubemos que entre os monteros se encontrava um português.
Porque a nossa qualidade de convidado nos permitia fazer um safari fotográfico propusemos fazer um trabalho o mais completo possível.
Assim, depois do pequeno almoço que nos foi servido na cozinha de caçadores de La Aljabara de Cardenas, foram-nos entregues "tacos" (lanche para o monte).
Deram-se a saída das armadas (grupos de caçadores distribuídos por diversas zonas) às 12 h00.
E nós penetramos na zona de caça, armados com uma máquina de filmar e outra de fotografar. Percorremos cinco quilómetros a pé dos onze da jornada. Ao nosso lado uns setenta cães de caça dos quase mil que compõem o grupo de assalto, com as línguas de fora, atentos aos gritos dos seus condutores a que dão o nome de "Perreiros".
Cansadíssimo, sempre com atenção às maquinas de filmar e fotografar, a determinada altura decidi pôr o saco de plástico do taco no chão. Entretanto alguns cães aproximavam-se e eu quiz fazer algumas fotos dos mesmos.
Quando terminei esse trabalho, e pretendi usufruir do meu lanche do momte, o saco estava desfeito e os meus "amigos perros" só me tinham deixado uma lata de refrigerante. Sandes e fruta tinham desaparecido.
Valeu-me ter encontrado dois pastores que estavam sentados debaixo de uma árvore a descansar e a lanchar. Ofereceram-me comida e eu aproveitei a oportunidade para comer alguma coisa que me soube divinamente.
Dali já não saí. Esperei que passasse um dos carros que recolhia os caçadores e voltei à Aljabara desfeito. Entrei no meu carro e adormeci. Fui acordado mais tarde por minha mulher que tinha ido em conjunto com as outras senhoras (mulheres dos caçadores) fazer uma visita aos monumentos de Córdoba, (entre eles a célebre Mesquita) e foi encontrar-me a dormir o sono dos justos.
No dia seguinte, já não fui a pé.
Juntei-me a uma armada e levei a minha mulher. No cimo de um monte ficámos em posição privilegiada para, com os binóculos podermos apreciar o que se passava à nossa volta.
Mais tarde, na Aljabara de Spínola fiquei a saber que o seu proprietário era primo do nosso General António de Spínola.
No final de cada caçada, eram expostos os veados e javalis para serem medidas as astes nos primeiros e os dentes nos segundos. A partir daí, de acordo com as medições eram atribuídos prémios aos caçadores.
A título de curiosidade informo que era proíbido caçar veados fêmea para conservação da espécie.
Comemos excelente carne de veado, ficámos com saudades e regressei ao Lugo, onde tinha deveres a cumprir. Minha mulher ficou em Portugal com o nosso filho Pedro Miguel, alternando a sua presença entre a nossa casa da Póvoa de Varzim e a casa de meus sogros no Alfeite.
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ResponderEliminarFiquei completamente encantada com este seu artigo! Como sempre a sua escrita enleva qualquer espírito,por muito triste que esteja!
ResponderEliminarEstou muito honrada por me ter escolhido como sua amiga e enviar-me tantas coisas bonitas e eu tenho aprendido tanto consigo!
Fiquei com um pouquinho de "inveja" de não estar lá!
Muito obrigada,meu querido Irmão do Coração!
Um grande beijo de carinho da sua Mana,
Só hoje tive o grato prazer de ler este comentário que a mana teve a gentileza de me dirigir e não me surpreende os seus elogios e as suas palavras de excepção.
EliminarTemos que renascer outra vez para conseguirmos atingir os mesmos objectivos. Certamente que gostaria de ter ido comigo e com a minha mulher assistir a uma Montaria em Córdoba.
Nem imagina quanto! Sempre fui muito aventureira e tudo o que seja desafio para mim é ideal!
EliminarQuem sabe,talvez na próxima vida venhamos mesmo irmãos!?!
Vai ser uma "Farra",inesquecível.
Ah que maravilha! Que texto delicioso, fluido!
ResponderEliminarMuito obrigada querido Irmão por convidar-me ao teu blog.
Adorei ler esta grande aventura, senti como se eu lá estivesse junto à nobresa espanhola, e cercada de tantos cães e obsevando os veados abatidos
As delicias mais importantes vêm de outros computadores que não o meu. Como é o caso da minha nobre e digna mana - a Grande Patrícia.
EliminarRealmente foi uma aventura fantástica.
O que não gostei foi que o abusador do "perro" me tivesse comido o taco.
Pois eu ri-me às tantas imaginando a pitoresca cena! Kkkkkkk
ResponderEliminarBem... minha mana Patrícia,. Riu-se da cena mas desta que lhe vou contar ainda se vai rir mais. No segundo dia, quando fui para o monte com a minha mulher para assistir de longe a certas partes da Montaria, estávamos tranquilamente a observar o que os nossos binóculos podiam alcançar, quando ouvimos perto uma agitação entre os arbustos que nos rodeavam. Estranhamos pois ali não era suposto haver mais ninguém a não ser nós.
EliminarÉ, quando menos contávamos, a cerca de cinco metros sai um "Javali" tresloucado em acção de fuga aos cães que o perseguiam. Bolas...que susto.
Por Deus! Que perigo mano! Imagino o tamanho do susto! Kkkkkkkkkkkk
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