E vi...
Vi um Portugal luminoso, vi caras, muitas caras que só mais tarde vim a saber que pertenciam a familiares meus..
Vi biberons e fraldas, leitinho e papas e muitas coisas mais, chupetas e brinquedos que eu nem sabia para que serviam...
Mas, não vi corações.
Estavam escondidos nos diversos corpos das pessoas que me rodeavam, pessoas que eu não sabia se eram boas ou más.
Estavam escondidos nos diversos corpos das pessoas que me rodeavam, pessoas que eu não sabia se eram boas ou más.
Aliás, quando eu nasci não sabia que poderiam haver pessoas com maus instintos, pessoas que poderiam ser menos honestas.
Mas, com o adiantar dos anos, fui vendo que afinal o slogan «Abril em Portugal» não era mais do que uma promoção turística do Governo português de há 74 anos.
Nasci na Avenida Almirante Reis,
no número 195 - 3º andar (ao lado da Alameda Afonso Henriques)
em casa da minha madrinha e tia-avó, Cristina Nunes e de meu tio Bernardino Nunes, um dos três cirurgiões dentistas existentes em Lisboa.
Mais tarde, fui apreciando o comportamento da Família e muito me admirei que eu era a única pessoa que tratava o tio Bernardino por TIO BERNARDINO.
Restante família, inclusivamente a minha madrinha Cristina «sua mulher» tratava-o por Senhor Doutor. Mesmo os meus pais e alguns outros familiares que tinham acesso à casa mãe da família pois havia outras no Cartaxo e em Santarém «onde o tio Bernardino tinha montado consultórios», usavam o mesmo tratamento.
A Esperança, afinal «não é a ultima a morrer».
Chamava-se Esperança a empregada de minha madrinha, que me viu nascer bem como o meu padrinho e primo de minha mãe ao qual foi posto o nome de Bernardino Nunes como o do pai.
Era uma santa mulher, que viveu toda a vida naquela casa, excelente cozinheira e, pela afinidade que eu e meu padrinho tínhamos com ela «meu padrinho tinha mais 5 anos do que eu», chamavamos-lhe "PANÇA" com carinho.
Éramos os meninos dela. Meu padrinho era o menino Dino e eu era o menino Eduardo João.
Passei muitos e muitos dias em casa da minha madrinha e, pelas 17 horas lá vinha a "Pança" com o chá de tília e o pão com manteiga que tão saboroso era.
Fui muitas e muitas vezes com o meu padrinho passar férias para a Praia de Santa Cruz, para o Chalé de minha avó Delmira.
Éramos uma família feliz e, lembro-me que, ainda em criança, o meu tio Bernardino sempre que comprava um brinquedo para o filho «meu padrinho», comprava outro igual para mim (doutra cor).
Chegávamos a a disputar quem era capaz de comer um frango inteiro preparado por minha avó mais rapidamente.
Todos os anos, pelo meu aniversário a minha madrinha vestia-me dos pés à cabeça.
Era uma apaixonada por mim e o meu padrinho ficava na opinião de minha madrinha e do tio Bernardino com menor qualificação do que eu.
Vim a saber mais tarde que o sonho de meu tio Bernardino era que eu tirasse o Curso de Medicina Dentária.
Aquando da minha ausência de Lisboa «em Angola», recebi a noticia do falecimento daquele que, na verdade foi mais do que meu tio avô.
Ainda tenho a carta que ele me dirigiu para Luanda, manifestando o muito que me queria e a elogiar-me.
Mas, voltando ao inicio deste tema, se o vídeo acima tivesse paralelo com a data que estamos vivendo, diria que...
- Vi um Portugal doente, triste e solitário...
- Vi um país degradado, onde em vez de cantar apetece chorar,,,
- Onde as Lágrimas de Sangue correm abundantemente pelas avenidas, ruas e calçadas,,,
Vi ainda e vejo que Portugal tem mais de um milhão de desempregados, tem muitas centenas de milhar que ultimamente se obrigaram a emigrar para sobreviver...
São muitos os casais que se encontram sem emprego e não têm forma de sustentar os seus filhos...
Muitos casos há «às centenas» em que nas famílias se ajudam uns aos outros - de pais para filhos ou de filhos para pais. E também existem os casos dos que necessitam de pedir auxilio a Instituições de Solidariedade Social....
O país está doente, sofre de doença crónica e a verdade é que não vão aos médicos «Grandes economistas e Homens de Bem» para ver o diagnóstico...vão a videntes e bruxos «Pessoas sem qualificação para o exercício de altas funções» que só querem meter ao bolso o dinheiro dos incautos.
E os incautos somos todos nós - os contribuintes que nos deixamos arrastar nesta enxurrada inebriante de quem nos quer menos bem...
Como eu o compreendo,querido mano do coração!
ResponderEliminarNasci numa família mais humilde,mas onde nunca faltou comida na mesa e,muito menos,amor e carinho!
Tambem passàmos tempos difíceis,como quando regressàvamos de Macau e vínhamos num navio holandês,que por sua vez vinha a fugir aos alemães!
E toda a nossa vida foi construida a pulso por meu pai e minha mãe.Já mulher passei novamente por momentos muito maus!
Mas agora não conheço este País onde nasci,não reconheço estas mentalidades que dizem «Viva a Liberdade»,mas que nos apertam cada vez mais num «colete de forças» horrível!
Até quando SENHOR vamos aguentar?
Estou consigo e assino por baixo tudo o que disse.
Um beijo de respeito da mana
Maria Manuela
Palavras que traduzem a realidade da vida.
EliminarPalavras ditas com paixão e sinceridade.
Palavras que agradeço e compreendo.
Palavras que merecem uma resposta querida mana.
OBRIGADA PELA SUA SINCERIDADE E HONESTIDADE.
Beijos deste Irmão que muito a estima e considera.
Eduardo