Em determinada altura, o então Secretário Nacional de Informação Dr. César Moreira Baptista, fez questão em mo apresentar pessoalmente e disse-me que o António me podia auxiliar no projecto da "Carruagem Branca" que eu estava a levar a efeito, dada a circunstância de ser uma pessoa profundamente conhecida e muito "capaz" para as relações humanas.
Admiti que seria uma mais valia e aquando da preparação das exposições «Entre Douro e Tejo" e «Algarve Maravilhoso"
lá aparecia o António Lopes Ribeiro para, em conjunto, visitarmos as entidades oficiais, tal como governadores civis, alguns presidentes de câmara, etc..
Mapa do Algarve |
lá aparecia o António Lopes Ribeiro para, em conjunto, visitarmos as entidades oficiais, tal como governadores civis, alguns presidentes de câmara, etc..
Foram dias de grande convívio, dias em que muito aprendi e surpreendeu-me a abertura com que ele enfrentava qualquer situação.
Na região Centro houve pouca colaboração, pois o António tinha compromissos inadiáveis ligados à sua actividade cinematográfica. Mas no Algarve, onde estive cerca de quatro meses a preparar a exposição "Algarve Maravilhoso" apareceu mais vezes, indo de avião até ao Aeroporto de Faro
e lá estava eu a aguarda-lo para o deixar depois no Hotel Eva em Faro.
Aeroporto de Faro |
e lá estava eu a aguarda-lo para o deixar depois no Hotel Eva em Faro.
Entretanto, começámos a percorrer sempre que possível a região algarvia e procuramos sempre conhecer de forma variada a boa gastronomia daquele distrito.
Um dia, em Albufeira, fomos almoçar ao Restaurante António (considerado o melhor daquele concelho). Eu pedi um bife de atum e o António pediu um outro peixe. O empregado, reconhecendo o «HOMEM DO MUSEU DE CINEMA», disse-lhe: Desculpe mas não o aconselho, pois este peixe está sem qualidade para si. Então, António Lopes Ribeiro, com a sua voz característica disse alto e bom som: Pois se não está bom para mim, não estará certamente bom para outro cliente - faça o favor de retirar da ementa esse prato.
Albufeira à noite |
Curioso que uma das vezes em que estávamos juntos no Algarve, ele apercebeu-se que eu fazia 32 anos e considerou engraçado ele ter 64. Disse-me então - Oh Eduardo, hoje estás convidado a ir jantar comigo e com a tua mulher a um restaurante.
Faro |
E fomos...ao Restaurante "A Tranca" em Almansil - Faro, onde nos foi servida uma Cataplana bem servida de marisco além doutros pratos (entradas e sobremesas).
Cataplana |
Cada vez que passávamos pela Tranca eu e a minha mulher Maria Alice recordávamos com saudade aquela noite do jantar com o nosso "grande amigo" António Lopes Ribeiro.
Muito há a dizer sobre este Ilustre Português, mas sendo fieis à sua história de vida, eis alguns dados
Almansil |
Muito há a dizer sobre este Ilustre Português, mas sendo fieis à sua história de vida, eis alguns dados
Filho de Manuel Henrique Correia da Silva Ribeiro e de sua mulher Ester da Nazaré Lopes e irmão do actor Ribeirinho, começou por se dedicar à crítica cinematográfica, actividade a que se dedicou a partir dos 17 anos de idade, no jornal Diário de Lisboa, e no exercício da qual fundou diversas revistas dedicadas à crítica de cinema. Três anos mais tarde, estreia-se como realizador com o documentário Bailando ao Sol (1928).
De 1940 a 1970, parte da sua obra cinematográfica é dedicada aos actos oficiais do Estado Novo, sendo por isso chamado de "cineasta do regime". Alguns exemplos desta faceta de Lopes Ribeiro são A Revolução de Maio (1937), o Feitiço do Império ([1940) ou Manifestação Nacional a Salazar (1941).
Para além destas duas actividades, António Lopes Ribeiro demarcou-se como produtor de cinema (fundador das Produções Lopes Ribeiro), jornalista, argumentista, profissional de televisão desde 1957 (foi apresentador do programaMuseu do Cinema, na RTP, de 1961 a 1974), da rádio e figura do teatro.
Filmografia (realizador)
- Dia de Portugal na Expo'70 (1970)
- Portugal de Luto na Morte de Salazar (1970)
- Portugal na Expo'70 (1970)
- Casa Bancária Pinto de Magalhães (1963)
- Instituto de Oncologia (1963)
- I Salão de Antiguidades, O (1963)
- Artes ao Serviço da Nação, As (1962)
- Arte Sacra (1960)
- Indústrias Regionais (1960)
- Monumentos de Belém, Os (1960)
- Mosteiros Portugueses (1960)
- Primo Basílio, O (1959)
- Comemorações Nacionais (1958)
- Portugal na Exposição Universal de Bruxelas (1958)
- 30 Anos com Salazar (1957)
- A Gloriosa Viagem ao Brasil (1957)
- A Rainha Isabel II em Portugal (1957)
- A Viagem Presidencial ao Brasil (1957)
- A Visita a Portugal da Rainha Isabel II da Grã-Bretanha (1957)
- A Visita do Ministro Paulo Cunha aos Portugueses da Califórnia (1956)
- A Visita do Chefe do Estado à Ilha da Madeira (1955)
- Cortejos de Oferendas (1953)
- Jubileu de Salazar, O (1953)
- A Viagem Presidencial a Espanha (1953)
- A Celebração do 28 de Maio de 1952 (1952)
- Rodas de Lisboa, As (1951)
- Algarve d'Além-Mar (1950)
- Casas para Trabalhadores (1950)
- A Festa dos Tabuleiros em Tomar (1950)
- Segurança Social e Assistência Médica (1950)
- Serviços Médico-Sociais (1950)
- Trabalho e Previdência (1950)
- Estampas Antigas de Portugal (1949)
- Só Tem Varíola Quem Quer (1949)
- Lisboa de Hoje e de Amanhã (1948)
- Anjos e Demónios (1947)
- Cortejo Histórico de Lisboa, O (1947)
- A Vizinha do Lado (1945)
- Ilhas Crioulas de Cabo Verde, As (1945)
- A Morte e a Vida do Engenheiro Duarte Pacheco (1944)
- Inauguração do Estádio Nacional (1944)
- Amor de Perdição(1943)
- Portugal na Exposição de Paris de 1937 (1942)
- O Pai Tirano (1941)
- Feitiço do Império (1940)
- Guiné, Berço do Império (1940)
- Viagem de Sua Excelência o Presidente da República a Angola (1939)
- Exposição Histórica da Ocupação (1938)
- A Revolução de Maio (1937)
- Fogos Reais na Escola Prática de Infantaria (1935)
- A Preparação do Filme 'Gado Bravo' (1933)
- Curso de Oficiais Milicianos em Mafra (1932)
- Uma Batida em Malpique (1929)
- Bailando ao Sol (1928)
- Frei Luís de Sousa (1950).
- Gado Bravo (1934)
Até breve Grande António
Grande homenagem a um grande homem do cinema português!
ResponderEliminarQue saudade de BOA NOITE senhores telespectadores" e do "BOA NOUTE" de António Melo,pianista que sempre abria e fechava o programa!
Até sempre!
Parabens pela bela ideia desta homenagem!
Um beijo de carinho da mana
Maria Manuela
Parece tarde e más horas este comentário. Mas, isso deve-se ao General Inverno que fustiga nossas casas e não nos permite sair dos nossos aposentos quando queremos, mas quando nos é permitido..
ResponderEliminarAgradeço as palavras com que a mana Manuela se dignou distinguir-me.
Um beijo especial de ternura do mano Eduardo.