1976
|
Badaró |
Encontrava-me num período de transição na minha actividade jornalística.
- Situava-me no Jornal "O Comércio do Porto" como correspondente na Póvoa de Varzim e formador de estagiários, ao mesmo tempo que era Editor, Director e Proprietário do semanário "Ala Arriba" da Póvoa de Varzim.
- Chegou ao meu conhecimento que existia uma organização na Póvoa de Varzim que tinha como objectivo proteger crianças diminuídas intelectuais.
- Vim a conhecer as suas instalações na época, pequenas e simples, mas com pessoas que à sua frente dirigiam com zelo e muita paixão aquela organização que era, nada mais que um Movimento de Apoio de Pais e Amigos dos Diminuídos Intelectuais.
- Essa equipa de pessoas boas e que viviam com amor estes problemas eram dirigidas pelo casal Rosinha e Aparício Quintas que dirigiam uma vasta equipa de pessoas que de alguma forma tinham crianças em sua família com esses problemas.
|
Aparício Quintas |
- Em determinado dia, pela influência jornalística que tinha e ainda por conhecimentos que me eram afectos, o casal Quintas, numa conversa amena disse-me: nós precisamos de sua ajuda. Queremos fazer uma campanha de angariação de fundos para o Mapadi e até já temos a colaboração do actor brasileiro Badaró.
- Seria interessante se o Eduardo pudesse colaborar connosco, divulgando no "Comércio do Porto" esta iniciativa.
- Dispus-me a escrever diariamente um apontamento de reportagem.
- Como se diz «arranjei lenha para me queimar»...
- É que, sem dar por isso, de repente estava metido em profundidade no projecto de angariação de fundos.
- Comecei a conduzir a viatura da Dona Rosinha (um BMW topo de gama) acompanhado por ela e pelas demais pessoas que faziam parte da direcção.
- E, assim, andámos em( autentica visita quase pastoral) durante vários dias a visitar os industriais dos concelhos de Vila Nova de Famalicão, Guimarães e de Braga, amigos da Família Quintas e alguns meus conhecidos para recolher cheques de boa vontade.
- Terminada a primeira parte desta missão, faltava a segunda parte.
- Combinámos o ponto de encontro e, quando menos esperava surge-me à frente um chinês. Era o Badaró, vestido à "Chinezinho Limpó Pó"
- Demos então inicio à caravana pela Avenida dos Banhos. Andámos uma, duas e mais vezes a percorrer aquela artéria poveira.
- Badaró era a grande atracção e, numa viatura aberta ia sorrindo para todos os que paravam na Avenida dos Banhos e, graciosamente dizia as suas piadas de humor que ficaram consagradas junto de todos nós.
|
Avenida dos Banhos |
- Enquanto isso, os responsáveis pela angariação de fundos iam recolhendo donativos das pessoas de boa vontade.
- Foram alguns dias bem passados que vieram a culminar no antigo Salão Nobre do Casino da Póvoa com uma angariação à americana.
|
Casino da Póvoa de Varzim |
- Para culminar, ficámos contentes pelos objectivos atingidos e eu fiquei com o orgulho do dever cumprido.
ACTUAIS INSTALAÇÕES
|
Actuais instalações |
Badaró já nos deixou...
Aqui deixo uma saudosa homenagem em nosso nome e de todos os que gostavam dele.
Sempre a partilhar connosco a sua experiência de vida, que bem nos agrada ler! Abraço
ResponderEliminarÉ para mim, além de grande prazer em escrever relembrando algumas partes de minha vivência, poder contar com os meus amigos que me honram com seus comentários. É o caso da minha amiga Maria Freitas a quem agradeço tão simpática mensagem. Um abraço.
EliminarCada vez que leio um dos seus artigos me sinto mais sua IRMÃ,porque os seus actos são iguais aos do meu pai! Ele faria a mesma coisa,andaria por onde fosse preciso,falaria com os amigos e até com outras pessoas,que mesmo sem conhecer,poderiam ajudar de algum modo!
ResponderEliminar"Como ispilico", moveria céus e terra para resolver o assunto! Tal qual o mano Eduardo fez. Que orgulho em me ter entre os amigos!
Quanto ao chinesinho Limpapó que saudades,meu DEUS! São sempre os bons que vão. Como minha avó Palmira,mãe de minha mãe, dizia DEUS quer os bons e bendistos perto DELE!!
Adorei ler a sua magnífica prosa e reviver coisas belas!
Parabens,um beijão da Mana
Pois é minha querida Mana Manuela. O Chinezinho deixou-nos uma marca cultural e artística que dificilmente poderá ser esquecida.
EliminarAinda estou à espera de publicar alguma coisa que a Manuela não se lembre. Esta é a nossa convivência misteriosa que, certamente virá dos desígnios superiores e que nós nunca pensamos que existissem.
É realmente difícil encontrar pessoas que, virtualmente, parece que já são amigos desde que nasceram. É mesmo uma irmandade em Cristo.
Bons corações, carinho pelos demais seres humanos e, sobretudo um amor pela vida que nos dá prazer em praticar. Sejamos sempre assim. Um beijo do mano que muito a estima.